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Protetores Solares São Seguros? Um Guia Essencial para a Saúde humana e do Meio Ambiente

  • Dra. Inaê Almeida
  • há 6 dias
  • 7 min de leitura


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A exposição à luz ultravioleta (UV) é um dos principais fatores ambientais que contribuem para o câncer de pele, o fotoenvelhecimento e danos ao DNA. Os protetores solares são ferramentas cruciais na proteção contra esses efeitos nocivos. No entanto, o debate sobre a segurança de seus ingredientes tem crescido, gerando dúvidas sobre a absorção sistêmica e os impactos a longo prazo.

A Jornada da Proteção Solar: Uma Breve História e o Papel Essencial dos Protetores

Desde tempos antigos, diversas culturas utilizavam substâncias naturais para proteger a pele do sol. A compreensão científica da radiação UV e seus efeitos prejudiciais levou ao desenvolvimento dos protetores solares modernos. Em 1969, a identificação do fotoenvelhecimento impulsionou a criação de filtros UVA, e em 1978, o Fator de Proteção Solar (FPS) foi introduzido como o conhecemos hoje.

Os raios UV são classificados em:

  • UVC (100–280 nm): Absorvidos pela atmosfera, não atingem a Terra.

  • UVB (280–315 nm): Causam queimaduras solares e bronzeamento, absorvidos na epiderme.

  • UVA1 (300–400 nm) e UVA2 (315–340 nm): Penetram mais profundamente na derme, associados ao fotoenvelhecimento e à carcinogênese cutânea por danificar colágeno e fibras elásticas.

Ingredientes e seus Mecanismos de Ação

Um protetor solar ideal deve ser eficaz no bloqueio dos raios UV, estável, resistente à água, seguro em baixas concentrações, inerte e não irritante para a pele. Existem três tipos principais de filtros UV:

  • Filtros Orgânicos (ou Químicos): Absorvem a luz UV.

  • Filtros Inorgânicos (ou Físicos/Minerais): Refletem os raios UV para longe da pele.

  • Filtros de Origem Natural: Atuam por diversos mecanismos, como absorção de UV, inibição de enzimas (elastase e colagenase) e eliminação de radicais livres (exemplos incluem ácido rosmarínico, carotenoides, extratos de framboesa e mirtilo, silimarina, lignina e quercetina).

É comum o uso combinado de filtros orgânicos e inorgânicos, embora isso possa, em alguns casos, levar à degradação de sua estrutura e redução da eficácia. É importante notar que a aprovação de certos filtros varia entre países; por exemplo, alguns filtros amplamente usados na Europa não são aprovados pela FDA nos EUA. Além disso, avobenzona e octinoxato são proibidos no Havaí devido a riscos ambientais para os recifes de coral, conforme mencionado em Protetor Solar e Disruptor Endócrino, Seção 3.1.

Recomendações de Aplicação para Máxima Eficácia

A Academia Americana de Dermatologia recomenda o uso de protetores solares com pelo menos FPS 30, sendo o FPS 50 considerado ideal para uma proteção ótima. Para uma proteção eficaz, é aconselhado cobrir todas as áreas expostas ao sol com uma camada de 2 mg/cm², o que equivale a cerca de 30ml para um adulto médio.

É crucial entender que o nível de proteção UV não aumenta proporcionalmente com o aumento do FPS. Por exemplo:

  • FPS 15: oferece 93,3% de proteção.

  • FPS 30: oferece 96,7% de proteção.

  • FPS 50: oferece 98% de proteção.

Estudos mostram que 30% a 50% dos consumidores não aplicam a quantidade ideal de protetor solar, o que diminui significativamente sua eficácia. A aplicação de apenas 1 mg/cm² de um protetor FPS 50, por exemplo, resulta em um efeito de apenas FPS 26.

Para bebês com menos de 6 meses, métodos de proteção solar como chapéus e roupas de manga longa são geralmente preferidos ao uso direto de protetores solares, conforme detalhado em Protetor Solar e Disruptor Endócrino, Seção 3.4.

Preocupações com a Segurança: Uma Análise Detalhada dos Filtros UV

Nos Estados Unidos, os protetores solares são regulados como medicamentos pela FDA, e não como cosméticos, o que exige aprovação rigorosa.

Absorção Sistêmica: Estudos da FDA de 2019 e 2020 confirmaram que filtros solares orgânicos são absorvidos pela corrente sanguínea, com níveis de ingredientes ativos excedendo o limiar de segurança de 0,5 ng/mL após aplicações repetidas. Embora esses achados não indiquem efeitos clinicamente prejudiciais diretos, eles ressaltam a necessidade urgente de dados de segurança a longo prazo. O limiar de 0,5 ng/mL pode ser insuficiente para detectar alta absorção em alguns casos, e baixas taxas de absorção podem mascarar riscos potenciais, especialmente em grupos vulneráveis como crianças, idosos e gestantes, como apontado em Protetor Solar e Disruptor Endócrino, Seção 3.5.

Vamos analisar mais de perto alguns filtros específicos e suas preocupações:

1. Oxibenzona (Benzofenona-3) e Octinoxato (Octil Metoxicinamato)

  • Preocupações: Proibidos no Havaí e Key West devido à sua toxicidade para ecossistemas marinhos e potencial disrupção endócrina.

  • Absorção: Podem entrar no corpo pela pele e são encontrados em fluidos corporais como urina, sangue e leite materno.

  • Oxibenzona (Benzofenona-3):

    • Hormônios: Estudos em animais mostraram efeitos nos hormônios da tireoide, mas resultados em humanos são inconsistentes. Possui atividades estrogênicas e antiandrogênicas, com impactos na motilidade do esperma, maturação de ovócitos, desenvolvimento placentário e diferenciação da glândula mamária.

    • Saúde Renal: Associada a uma função renal comprometida em estudos com mulheres jovens.

    • Pele: É um dos agentes mais comuns de dermatite de contato e pode causar efeitos fototóxicos.

    • Fetal: Embora presente na placenta e no líquido amniótico, seus efeitos adversos no desenvolvimento fetal são geralmente considerados mínimos, conforme Protetor Solar e Disruptor Endócrino, Seção 3.5.1.

  • Octinoxato (Octil Metoxicinamato):

    • Associado a hipotireoidismo, alterações na puberdade, asma e câncer de mama.

    • Recomenda-se evitar em crianças, adolescentes e mulheres grávidas.

2. Octocrileno (Uvinul N539)

  • Absorção: Baixa absorção pela pele e baixos níveis sistêmicos.

  • Preocupação Principal: Com o tempo, o octocrileno produz benzofenona, um subproduto conhecido por ser mutagênico, carcinogênico e desregulador hormonal. Não há limite de segurança estabelecido para sua presença em produtos de cuidados pessoais.

  • Outros Efeitos: Ligado à obesidade em estudos (agindo como agonista parcial de PPARγ), conforme Protetor Solar e Disruptor Endócrino, Seção 3.5.2.

3. Benzofenona-1 (BP-1)

  • Uso e Absorção: Presente em protetores solares e cosméticos, absorvido principalmente pela pele, mas também encontrado em água potável, frutos do mar e alimentos embalados.

  • Efeitos Aditivos:

    • Pele: Irritação e reações alérgicas.

    • Sistema Nervoso: Pode induzir estresse oxidativo, contribuindo para comprometimentos cognitivos (memória e aprendizado) e ligada a doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson.

    • Danos Celulares: Pode causar danos ao DNA e anormalidades cromossômicas.

    • Órgãos: Impacto negativo na função hepática e renal.

    • Hormônios: Possui efeitos estrogênicos e antiandrogênicos, associados a câncer de testículo e metástase de câncer de ovário, conforme Protetor Solar e Disruptor Endócrino, Seção 3.5.3.

4. Homossalato (Hometil Salicilato)

  • Absorção: Absorvido na circulação sistêmica devido à sua natureza lipofílica.

  • Genotoxicidade: Dados limitados, mas pode induzir danos ao DNA e gerar radicais livres.

  • Hormônios: Pode exibir atividades agonistas e antagonistas ligando-se a receptores de estrogênio e androgênio, promovendo a proliferação de células de câncer de mama.

  • Tireoide: Estudos in vitro mostraram que altas doses de homossalato podem induzir efeitos genotóxicos em células da tireoide de ratos, mas não em células humanas. A relevância clínica para a função tireoidiana humana ainda é incerta, como descrito em Protetor Solar e Disruptor Endócrino, Seção 3.5.4.

5. Padimate O (Etilhexil Dimetil PABA)

  • História: Um dos primeiros filtros UVB amplamente utilizados, mas seu uso diminuiu devido a manchas em roupas e irritação na pele.

  • Genotoxicidade: Preocupações com potenciais efeitos genotóxicos, incluindo danos indiretos ao DNA e geração de espécies reativas de oxigênio sob irradiação UV, conforme Protetor Solar e Disruptor Endócrino, Seção 3.5.5.

6. Enzacameno (4-Metilbenzilideno Cânfora)

  • Acúmulo e Efeitos Sistêmicos: Pode se acumular no corpo e exercer efeitos sistêmicos mesmo em baixas doses, aumentando moléculas pró-inflamatórias e interferindo nos mecanismos de reparo do DNA.

  • Disrupção Endócrina: Possui propriedades desreguladoras endócrinas, com efeitos estrogênicos e antiandrogênicos observados em estudos.

  • Saúde Reprodutiva: Pode prejudicar a implantação embrionária e a reação acrossômica do espermatozoide. Embora a maioria desses efeitos tenha sido observada em culturas de células, as concentrações medidas em humanos podem potencialmente causar efeitos em modelos animais, necessitando mais pesquisa, conforme Protetor Solar e Disruptor Endócrino, Seção 3.5.6.

7. Dióxido de Titânio (TiO2) e Óxido de Zinco (ZnO): As Alternativas Mais Seguras

  • Segurança: Considerados filtros inorgânicos mais seguros, sem evidências científicas de ligação a disrupções hormonais. O risco de reações irritantes e alérgicas é muito menor do que com filtros orgânicos.

  • Preocupações: O principal risco reside na inalação de produtos em spray ou pó, que podem levar ao acúmulo de nanopartículas nos pulmões. A forma respirável do TiO2 é classificada como um potencial carcinógeno pela IARC.

  • Recomendação: Formulações em creme ou loção desses filtros são consideradas mais seguras, como detalhado em Protetor Solar e Disruptor Endócrino, Seção 3.5.7.

  • Benefícios Ambientais: São mais ecológicos, com impacto negativo significativamente menor em recifes de coral e ecossistemas aquáticos em comparação com os filtros orgânicos.

Impacto Ambiental dos Protetores Solares

Os filtros UV orgânicos são amplamente utilizados não apenas em protetores solares, mas também em fragrâncias, shampoos e cosméticos, contribuindo para sua presença generalizada no meio ambiente. O CDC (Centers for Disease Control and Prevention) sugeriu que 97% da população dos EUA foi exposta à oxibenzona.

  • Contaminação da Água: Esses filtros são frequentemente detectados em suprimentos de água, liberados por meio da urina ou durante o banho.

  • Ineficácia no Tratamento de Esgoto: As estações de tratamento de águas residuais são ineficazes na remoção de filtros UV devido à sua baixa solubilidade em água e natureza lipofílica, o que significa que esses produtos químicos retornam aos recursos hídricos.

  • Impacto nos Recifes de Coral: Estima-se que 8.000 a 16.000 toneladas de protetor solar são liberadas nos recifes de coral anualmente. A oxibenzona, em particular, pode causar branqueamento e morte de corais, além de efeitos tóxicos em larvas, mesmo em baixas concentrações.

  • Bioacumulação: Acumulam-se em peixes, levando a problemas reprodutivos e desequilíbrios hormonais, afetando todo o ecossistema. Muitos filtros orgânicos possuem alto potencial de bioacumulação, conforme a Protetor Solar e Disruptor Endócrino, Tabela 3.

  • Ecossistemas Terrestres: Há evidências de bioacumulação em animais terrestres, como aves, que podem ser expostas através de fontes de água contaminadas, como mencionado em Protetor Solar e Disruptor Endócrino, Seção 3.6.

Conclusões e Recomendações Importantes

A exposição crônica à luz solar leva a sérios problemas de saúde, como câncer de pele e fotoenvelhecimento. Portanto, o uso de protetores solares é fundamental. Embora haja dados limitados sobre os efeitos dos protetores solares orgânicos na saúde humana, a evidência sugere potenciais danos aos sistemas hormonal e reprodutivo por oxibenzona e octinoxato, efeitos mutagênicos do octocrileno (pela benzofenona) e possíveis efeitos adversos da benzofenona-1 na fertilidade. No entanto, as dosagens e durações exatas necessárias para que esses efeitos se manifestem ainda não são totalmente claras.

O ponto crucial é que os riscos à saúde associados à não utilização de protetor solar superam os potenciais efeitos colaterais dos filtros químicos.

Para aqueles preocupados com os filtros UV orgânicos, os produtos que contêm filtros inorgânicos, como óxido de zinco (ZnO) e dióxido de titânio (TiO2), oferecem uma alternativa confiável e mais segura, tanto para a saúde quanto para o meio ambiente, desde que em formulações de creme ou loção para evitar a inalação de nanopartículas.

É essencial que haja mais pesquisas sobre a segurança dos protetores solares e uma colaboração entre fabricantes, profissionais de saúde, cientistas ambientais e órgãos reguladores para abordar essas preocupações. Como profissional de saúde, Inaê, é vital manter-se atualizada com os dados científicos para educar o público e fornecer orientações sobre o uso adequado e a escolha consciente dos protetores solares.

Fonte:

Are Sunscreens Safe?

Written By Metin Özaslan

Submitted: 07 February 2025 Reviewed: 13 February 2025 Published: 27 March 2025

DOI: 10.5772/intechopen.1009608

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