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Muito Além do Fígado: Sinais do Corpo que Mulheres na Pós-Menopausa Precisam Conhecer sobre a Gordura no Fígado (MASLD)

  • Dra. Inaê Almeida
  • 15 de set.
  • 7 min de leitura


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Olá, queridas leitoras! Aqui é a Dra. Inaê, e hoje quero conversar com vocês sobre um tema de saúde que tem ganhado cada vez mais atenção, especialmente para nós, mulheres, após a menopausa. Vamos falar sobre a Doença Hepática Gordurosa Associada à Disfunção Metabólica, carinhosamente chamada de MASLD (o novo nome para o que antes era conhecido como NAFLD).

Vocês já devem ter ouvido falar em "gordura no fígado". Por muito tempo, pensamos que isso estava ligado principalmente ao consumo excessivo de álcool. Mas, na verdade, a MASLD é uma condição globalmente muito comum, que nada tem a ver com bebida. Ela é causada por desequilíbrios metabólicos em nosso corpo, como obesidade e diabetes tipo 2, e pode afetar profundamente a nossa saúde de diversas formas.


O Que é a MASLD e Por Que é Tão Importante?

Imagine que seu fígado, um órgão vital que atua como nosso grande centro de desintoxicação e metabolismo, começa a acumular gordura em excesso. É isso que acontece na MASLD. O problema é que, se não for controlada, essa gordura pode levar a inflamações, cicatrização do fígado (fibrose), cirrose e, em casos mais avançados, até mesmo a câncer de fígado.

Mas a MASLD não se limita ao fígado. Ela é uma doença "sistêmica", o que significa que seus efeitos se espalham por todo o corpo, podendo aumentar o risco de doenças renais crônicas e até de problemas cardiovasculares.


A Conexão Pós-Menopausa: Por Que Nós, Mulheres, Somos Mais Vulneráveis?

A suscetibilidade das mulheres à MASLD muda muito ao longo da vida. Fatores como genética, idade e nosso nível de atividade física desempenham um papel, mas um dos mais marcantes é o estado da menopausa.

Com a chegada da menopausa, vivenciamos uma queda significativa nos níveis de estrogênio, um hormônio que, durante a vida reprodutiva, tem um papel protetor. O estrogênio nos ajuda a manter o metabolismo das gorduras e a sensibilidade à insulina em equilíbrio. Quando esses níveis diminuem, nosso corpo se torna mais vulnerável a desequilíbrios metabólicos.

Essa mudança hormonal nos coloca em maior risco de desenvolver MASLD, de a doença progredir mais rapidamente, de desenvolver resistência à insulina e de aumentar a probabilidade de eventos cardiovasculares, quando comparadas a mulheres na pré-menopausa ou até mesmo a homens da mesma idade. Além disso, a pós-menopausa muitas vezes vem acompanhada de um aumento em marcadores inflamatórios no corpo, e essa inflamação crônica, combinada com outras condições como diabetes e obesidade, pode agravar a MASLD. A redução do estrogênio também pode promover inflamação diretamente no fígado, contribuindo para a fibrose.


Os Sinais do Corpo: Observando Além do Fígado

O mais fascinante (e importante!) que um estudo recente nos mostra é que a MASLD manifesta sua presença através de diversos "marcadores extra-hepáticos" – ou seja, sinais em outras partes do corpo, que podem nos ajudar a identificar e gerenciar a doença precocemente. Vamos explorar alguns deles:


1. Peso e Medidas Corporais: Onde a Gordura se Acumula Importa

A queda do estrogênio na menopausa não apenas muda a forma como o corpo armazena gordura, mas também onde essa gordura se acumula. Muitas vezes, ela passa a se concentrar mais na região abdominal (gordura visceral), em vez de nos quadris e coxas.

Estudos mostram que mulheres na pós-menopausa são mais propensas à obesidade abdominal. E aqui está o alerta: a presença conjunta da Síndrome Metabólica (um conjunto de condições como pressão alta, colesterol elevado e açúcar no sangue alto) e MASLD aumenta drasticamente o risco de doenças cardiovasculares.

A relação cintura-quadril (RCQ) pode ser um indicador mais eficaz do que apenas o IMC para identificar a MASLD em mulheres nessa fase. É crucial lembrar que nem todas as mulheres com MASLD são obesas. Por isso, a combinação de índices de obesidade com exercícios adequados para a idade é fundamental para um manejo individualizado da doença.


2. Diabetes Tipo 2: Uma Relação Complexa

O diabetes tipo 2 (T2D) e a MASLD têm uma relação de mão dupla. Mulheres na pós-menopausa com T2D frequentemente apresentam uma alta prevalência de gordura no fígado e fibrose. Curiosamente, a MASLD pode ser um indicador mais forte para o desenvolvimento de T2D em mulheres na pré-menopausa. Isso significa que monitorar mulheres jovens com Síndrome Metabólica é essencial para antecipar o risco de progressão da MASLD quando a menopausa chegar.

A boa notícia? A atividade física regular emerge como uma estratégia poderosa, impactando positivamente tanto os índices de obesidade quanto a MASLD.


3. Saúde dos Ossos e Músculos: Uma Perda Silenciosa

Vocês sabiam que a MASLD também pode afetar seus ossos e músculos? A deficiência de vitamina D, comum em muitos de nós, diminui a absorção de cálcio, enfraquecendo os ossos e, ao mesmo tempo, está ligada ao desenvolvimento da MASLD.

Na pós-menopausa, o aumento da inflamação e a redução do estrogênio podem prejudicar a formação óssea e acelerar a perda óssea, levando a um maior risco de osteoporose e fraturas em mulheres com MASLD. Além disso, a MASLD está associada à perda de massa e força muscular, um ciclo vicioso onde a perda muscular reduz a carga sobre os ossos, piorando a densidade óssea. Isso destaca a importância de abordar a saúde óssea e muscular em conjunto com o tratamento da MASLD.


4. Ácido Úrico no Sangue: Mais um Alerta Metabólico

Níveis elevados de ácido úrico no sangue são frequentemente encontrados em pacientes com MASLD. Isso acontece porque o excesso de insulina, comum na resistência à insulina, dificulta a eliminação do ácido úrico pelos rins. Por sua vez, o ácido úrico elevado pode intensificar a resistência à insulina e promover o acúmulo de gordura no fígado.

O estrogênio, mais uma vez, entra em cena: ele ajuda na eliminação do ácido úrico. Após a menopausa, a queda do estrogênio reduz essa capacidade. Curiosamente, a terapia hormonal pode diminuir os níveis de ácido úrico, e o ácido úrico elevado pode prever a MASLD em mulheres, mesmo com exames de fígado (como ALT) normais, e independentemente da obesidade.


5. Frequência Cardíaca em Repouso: Um Indicador Cardíaco

Os fatores de risco para MASLD e doenças cardiovasculares são muito semelhantes, o que sugere uma forte ligação entre elas. Estudos conectam a MASLD a um aumento de problemas cardíacos, como arritmias e cardiomiopatias. Um estudo em mulheres na pós-menopausa confirmou uma associação positiva entre a frequência cardíaca em repouso (aquela medida quando estamos em total descanso) e a MASLD, indicando que o coração também pode nos dar pistas importantes.


6. Hormônios Femininos e Genética: O Mapa do Risco

Além do estrogênio, outras mudanças hormonais na pós-menopausa, como nos níveis de andrógenos, da globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG) e do hormônio folículo-estimulante (FSH), também influenciam a MASLD. A SHBG, por exemplo, parece ter um papel protetor contra a formação de gordura no fígado.

A genética também tem um peso significativo. Variantes em genes como o PNPLA3 e o HSD17B13 podem influenciar o risco e a progressão da MASLD, e seus efeitos podem ser mais pronunciados em mulheres após uma certa idade ou com outras condições como obesidade e diabetes. Isso nos aponta para a medicina personalizada, onde o entendimento da nossa genética pode guiar intervenções.


7. Saúde Intestinal: A Conexão "Intestino-Fígado"

A microbiota intestinal – a comunidade de microrganismos que vive em nosso intestino – é uma peça fundamental no quebra-cabeça do metabolismo. Ela influencia como processamos glicose, gorduras e hormônios. Desequilíbrios na microbiota podem ativar inflamações no fígado e contribuir para a MASLD.

A boa notícia é que estratégias como o uso de probióticos, prebióticos e simbióticos (ou até mesmo transplante de microbiota fecal em casos específicos) podem ajudar a reduzir a inflamação, o estresse oxidativo e a regular o metabolismo das gorduras, oferecendo uma nova fronteira terapêutica para a MASLD.


8. Outros Indicadores Importantes: O Tempo Conta!

  • Momento da Menopausa: O tempo que passamos sem o estrogênio protetor é crucial. Uma menopausa precoce (antes dos 40 anos) ou um período prolongado sem estrogênio estão associados a um risco significativamente maior de MASLD e fibrose hepática grave.

  • RBP4 (Proteína de Ligação ao Retinol 4): Níveis elevados dessa proteína no sangue foram encontrados em mulheres na pós-menopausa com MASLD. Exercícios combinados podem reduzir esses níveis, o que sugere seu potencial como biomarcador e como alvo terapêutico.

  • Tratamentos para Câncer de Mama: Câncer de mama e MASLD compartilham fatores de risco. Alguns tratamentos, como a terapia com inibidores de aromatase, podem aumentar o risco de MASLD em mulheres na pós-menopausa ao inibir a síntese de estrogênio.


O Que Isso Significa Para Você? Uma Abordagem Integrativa

Minhas queridas, a MASLD é uma condição complexa, especialmente para nós, mulheres na pós-menopausa. Ela nos lembra que nosso corpo é um sistema interconectado, onde o que afeta uma parte, ecoa em outras.

Como médica clínica, acupunturista e ortomolecular, e alguém que valoriza a saúde integrativa e da mulher, acredito que estas descobertas reforçam a importância de uma abordagem holística e personalizada para a saúde.

  • Rastreamento Precoce: Fique atenta aos sinais. Converse com seu médico sobre a possibilidade de rastrear a MASLD, especialmente se você tem fatores de risco como obesidade abdominal, diabetes, ou passou por uma menopausa precoce.

  • Estilo de Vida como Remédio: Não subestime o poder de uma alimentação balanceada, da atividade física regular e da gestão do estresse. Esses são pilares que podem modular muitos dos marcadores que discutimos, impactando positivamente tanto o fígado quanto a saúde metabólica em geral.

  • Olhar Abrangente: Lembre-se que a saúde não é tratada em silos. A saúde do seu fígado está ligada aos seus hormônios, seus ossos, seus músculos, seu coração e até mesmo seu intestino. Um acompanhamento que considere todos esses aspectos é fundamental.

A pesquisa continua avançando, nos trazendo cada vez mais ferramentas para entender e combater a MASLD. O importante é que você se sinta empoderada com conhecimento para tomar as melhores decisões para a sua saúde e buscar um acompanhamento que veja você como um todo.


Com carinho e saúde,

Dra. Inaê Médica Clínica, Acupunturista e Ortomolecular Especialista em Saúde Integrativa e da Mulher

 
 
 

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