Climatério e Menopausa: Entenda as Mudanças no Seu Metabolismo e Cuide do Seu Coração ❤️
- Dra. Inaê Almeida
- 19 de ago.
- 3 min de leitura

A menopausa é um marco natural na vida de toda mulher, mas, além de encerrar o ciclo reprodutivo, ela marca o início de uma nova fase com importantes transformações metabólicas. Muitas vezes, falamos sobre os sintomas mais conhecidos, como os fogachos e as alterações de humor, mas é crucial entender o que acontece "por dentro", especialmente com o seu coração e o metabolismo de gorduras.
Não se trata apenas de envelhecer, mas de uma mudança hormonal que exige um olhar mais atento e proativo.
A Dança Hormonal e Seus Efeitos no Coração
Durante a maior parte da vida adulta, o estrogênio (especialmente o estradiol), produzido pelos ovários, oferece uma proteção natural ao coração das mulheres. É por isso que, geralmente, as doenças cardíacas surgem em nós cerca de 7 a 10 anos mais tarde do que nos homens.
Com a queda desse hormônio no climatério e menopausa, nosso corpo passa por ajustes significativos:
* Acúmulo de Gordura: Há uma tendência a ganhar peso e, principalmente, acumular mais gordura visceral (aquela que se concentra na região abdominal). Essa gordura não é apenas estética; ela é metabolicamente ativa e inflamatória, contribuindo para a resistência à insulina e aumentando o risco de desenvolver a síndrome metabólica. |
Sensibilidade à Insulina: Seu corpo pode se tornar menos sensível à insulina, o que dificulta o controle do açúcar no sangue.
Pressão Arterial: A pressão arterial sistólica (a "máxima") tende a se elevar.
Decifrando os Níveis de Gordura no Sangue (Lipídios)
Vamos aos "números do colesterol" que, nessa fase, merecem atenção redobrada:
1. Colesterol LDL (o "colesterol ruim"): Este é o grande protagonista das mudanças. Após os 50 anos, e coincidindo com a menopausa, os níveis de LDL podem aumentar em 30% a 50%. Isso acontece porque o corpo passa a remover essas partículas do sangue de forma menos eficiente. Curiosamente, mulheres com menor peso corporal podem ter um risco ainda maior de elevações significativas de LDL, pois seus níveis de estrogênio circulante já são naturalmente mais baixos. |
Colesterol HDL (o "colesterol bom"): Aqui, a qualidade é mais importante que a quantidade! Embora os níveis gerais de HDL possam permanecer estáveis ou até aumentar, a pesquisa mostra uma alteração na qualidade dessas partículas. O declínio do estrogênio faz com que as partículas de HDL se tornem menores e menos eficazes em seu papel protetor. Ou seja, você pode ter um número bom no exame, mas com um "HDL menos funcional".
Triglicerídeos: Assim como o LDL, os níveis de triglicerídeos também tendem a aumentar nas mulheres da meia-idade em diante.
Lipoproteína (a) - Lp(a): Este é um tipo de lipídio menos conhecido, mas muito importante, e seus níveis também aumentam significativamente após a menopausa. Isso está diretamente ligado à diminuição do estrogênio.
O Risco Cardiovascular Aumentado e Sinais Inesperados
Com todas essas mudanças metabólicas, o risco de doença cardíaca coronariana aumenta perceptivelmente. É fundamental entender que sintomas como dor no peito ou falta de ar, muitas vezes atribuídos ao "estresse" ou aos "sintomas da menopausa", podem ser, na verdade, sinais de que algo não vai bem com seu coração. Estudos mostram que mulheres com esses sintomas têm o dobro do risco de desenvolver um evento cardíaco em 5 a 7 anos.
E a Terapia Hormonal (THM)?
A Terapia Hormonal da Menopausa (THM) pode ser uma aliada importante para muitas mulheres, e ela tem um impacto nos lipídios:
* Redução do LDL: A THM (seja oral ou transdérmica) pode reduzir os níveis de LDL em 3% a 22%. |
HDL e Triglicerídeos: A THM oral pode aumentar os níveis de HDL e triglicerídeos.
No entanto, o mais importante sobre a THM e a saúde do coração é o timing:
* Para mulheres com menos de 60 anos ou que estão nos primeiros 10 anos da menopausa, a THM tem sido associada a uma redução significativa no risco de doenças coronarianas. |
Para mulheres com mais de 60 anos ou que iniciam a THM muito tempo depois da menopausa, os benefícios cardiovasculares podem não ser observados, e há até um aumento do risco de acidente vascular cerebral.
Por isso, a decisão sobre a THM deve ser sempre individualizada e discutida com seu médico de confiança, considerando seu histórico e necessidades específicas.
Seu Poder de Ação: Conhecimento e Cuidado!
A menopausa é uma fase de transição, não de declínio. Entender as complexas mudanças que ocorrem no seu metabolismo é o primeiro e mais poderoso passo para manter seu coração e sua saúde em dia.
Não aceite informações superficiais. Busque conhecimento, monitore sua saúde e conte com uma abordagem integrativa para atravessar essa fase com vitalidade e bem-estar.
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